sexta-feira, 13 de julho de 2012

Gente Que Faz a Diferença


ADEFERN - Associação dos Deficientes Físicos do Estado do RN tem sempre a pretensão de tornar conhecido trabalhados que se destacam no Movimento da Pessoa com Deficiência. São trabalhos que ajudam no desenvolvimento das potencialidades dessas pessoas e que as fazem perceber seu crescimento.
É o caso do Projeto do Professor Anderson Rodrigues, Sensei Karatê-Do e Educador Físico. Ele desenvolve um trabalho fantástico com pessoas de baixa visão e cegas. E por isso, vem se destacando e obtendo bastante sucesso. Conheçam mais sobre o trabalho dele, a seguir:



PROJETO “KARATÊ-DO NO IERC – Mudando a Visão Sobre o Karatê”
Com muita alegria preparei este pequeno artigo para o amigo/aluno/colaborador/incentivador Décio Filho sobre este meu projeto realizado no Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do RN, localizado no Bairro Alecrim de Natal/RN.
O presente projeto tem como finalidade levar aos alunos da instituição o conhecimento da arte marcial Karatê-Do estilo Shotokan Tradicional através de sua filosofia de vida e a prática dos exercícios, uma forma disciplinar ajudando ao crescimento do mesmo na convivência da sociedade moderna com caráter, dignidade e honra.
No IERC-RN estamos atendendo um público em torno de 30 a 40 pessoas bem variado, encontrando alunos de ambos os sexos, de idades entre 06 e 60 anos de idade, pessoas cegas, baixa-visão e convencionais (estes compostos em sua maioria pelas mães dos alunos que sempre estão presentes no instituto e apoiaram a prática de seus filhos e se interessaram em praticar).
A idéia de realizar este trabalho surgiu de uma palestra que fui dar no IERC à pedido de uma das professoras (Ângela Rodrigues), que me pediu para explanar para eles como eram as aulas de Karatê. Durante a palestra um dos alunos me fez a seguinte pergunta:
“Qual a dificuldade que nós, cegos, teríamos em praticar o Karatê?”
Após um momento de reflexão vimos que a resposta é “NENHUMA”. Os alunos DV podem aprender Karate, da mesma forma que aprendem português, matemática, informática... a dificuldade recairia mais em cima do professor, pois este sim teria que passar a informação da aula de outras formas, diferente de demonstrações visuais, como normalmente ocorrem.
Após nossa conversa, fomos para a quadra e realizamos uma pequena aula prática, onde definitivamente me apaixonei pela turma. Ao final, me dirigi à direção do Instituto e me ofereci como voluntário para ministrar aulas de Karatê e lá estou desde 2009.
Desde então iniciou a pesquisa de como ministrar essas aulas de forma mais eficientes possível para eles, o que foi muito difícil, visto que não temos referências bibliográficas de Metodologias de Ensino de Karatê para Deficientes Visuais (temática esta que está sendo a minha Monografia do Curso de Educação Física da UFRN). Várias vezes chegamos com idéias de realizar algumas atividades que não deram certo, mas corrigimos e MUITAS outras chegamos com idéias e as ultrapassamos, o que enchia de felicidade não só a mim, mas aos alunos que se surpreendiam ao descobrir do que eles mesmos eram capazes de fazer.
Com estes anos de trabalho, vimos que as aulas no IERC não só mudou o pensamento das pessoas sobre as capacidades dos DV, mas também mudou a visão deles mesmos sobre o que eles são capazes de fazer e ainda mais surpreendente foi a mudança que aconteceu dentro do Karatê regional. Todos os karatecas que viram nossos alunos praticando, se apresentando, competindo, todos começaram a ver o karatê de uma forma nova, ainda mais inclusiva e capaz de ajudar na quebra dos limites físicos de todos.
Como podemos ver, nossa idéia de trabalho passou do limite de “beneficiar os alunos” e passou a ser “beneficiar os alunos, a arte e aos que assistem”. Falando em benefícios, são diversos os benefícios que a arte traz para estes alunos:

·           Equilíbrio emocional;
·           Concentração;
·           Auto-estima;
·           Desenvolvimento moral;
·           Coordenação motora;
·           Disciplina, coragem e respeito;
·           Rapidez do raciocínio;
·           Flexibilidade e elasticidade do corpo;
·           Aumento da capacidade cardiovascular;
·           Desenvolvimento da defesa pessoal;
·           Postura e ética.

Essas aulas vêm nos rendendo muitos frutos maravilhosos, não só no que diz respeito ao aprendizado das técnicas pelos alunos, mas à prática do karatê como modalidade esportiva, algo que nunca foi objetivo nosso, mas que ao nos apresentarmos nas competições, sempre voltamos com alunos medalhados e hoje temos diversos alunos campeões estaduais de karatê, lembrando que eles competem de igual para igual contra os alunos convencionais (não temos uma categoria exclusiva deles).
Em respeito a isto, lembro de um comentário realizado por a mãe de uma das minhas alunas logo após discutirmos este assunto deles competirem sempre com a turma convencional, onde ela disse:
“Professor, minha filha já praticou de tudo, mas eu vejo que só no karatê com o senhor é que realmente o esporte é inclusivo e não especial, pois nos outros eles competem entre eles mesmos, mas no karatê não... o senhor faz questão deles no meio dos outros meninos.”
Realmente nunca tinha me dado conta deste detalhe até ela falar, e foi (continua sendo) muito gratificante o reconhecimento por parte destas pessoas que acompanham de perto.
O trabalho com eles me rendeu alguns prêmios de algumas federações como “Melhor Professor do Ano”, “Professor Revelação”, mas o meu próprio aprendizado sobre as pessoas e o meu próprio crescimento como professor ao trabalhar com eles, são sem dúvida alguma, o melhor deste trabalho.
A todos os que estiverem interessados em participar do projeto, tanto praticando, como me auxiliando nos treinos (pois sempre é bom ter mais alguém para servir de guia, que gostaria de aprender a trabalhar com esse público, etc), serão muito bem recebidos.
BASTA CLICAR PARA AMPLIAR A FOTO





Você pode entrar em contato com esse maravilhoso profissional pelos contatos:aral_professor@hotmail.com ou @AndinhoRodrigue. ,

Décio Gomes Santiago Filho
Departamento Geral da ADEFERN


(084) 3614-2060/3214-2533


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