quinta-feira, 4 de abril de 2013

HISTÓRIA DA ADEFERN

COMO CHEGUEI, COMO CONHECI 
E COMO CONSEGUIMOS CONSTRUIR 
A SEDE DA ADEFERN

Decorria o ano de 1981 o então Prefeito do Município de Natal Sr. José Agripino Maia, teve a brilhante ideia de criar em Natal, um Centro de MicroFilmagem de Documentos, e numa ideia ainda mais que deslumbrante, teve a de fazer funcionar apenas com pessoas com deficiência. Numa iniciativa pioneira, não somente em nosso município ou no Estado, mais sim numa ousadia tamanha, sendo oferecidas em termos de América Latina, as primeiras oportunidades de trabalho para pessoas com deficiência junto ao Poder Público.
Essas pessoas não chegaram ao emprego junto à Prefeitura de Natal de forma "gratuita", elas foram avaliadas em concurso específico para pessoas que tinham algum tipo de deficiência.
No ano de 1981, foram absorvidos cerca de 20 companheiros com deficiência, exatamente os fundadores de nossa ADEFERN.
No ano de 1983, foi realizado um segundo concurso. Esse já elaborado inclusive pela ADEFERN, avaliação essa da qual participei, fui aprovado e incorporado ao Serviço Público Municipal (agosto de 1983) e já em Dezembro do mesmo ano, fui eleito pela primeira vez Presidente da ADEFERN.
Nesse concurso, inscreveram-se cento e doze pessoas, sendo aprovadas treze.
Com certeza, desse grupo de aprovados, surgiu as melhores cabeças do segmento da pessoa com deficiência em nosso Estado, na época.
Os doze aprovados são: José Odon Abdon, Vamberto Xavier de brito, Luiz Gonzaga da Silva (falecido), Marilda Lopes de Araújo, Henrique Eduardo da Silva Rabelo, Luciano Silva do Nascimento, Maria Aparecida Dantas de Araujo, Eliana Rodrigues da Silva, João Maria Pinheiro, Virgílio Lopes de Azevedo Neto, Sidney de Aquino Costa, Sonia Magali de Oliveira.

OS PRIMEIROS MANDATOS DA ADEFERN 
E O SONHO DA CONSTRUÇÃO DA SEDE

Estatutariamente, o mandato da Diretoria da ADEFERN de 1981 até 1985 era de dois anos e, como todos nós da associação, achávamos um período demasiadamente curto para que se pudesse realizar um trabalho com mais amplitude. Havia a necessidade de que se promovesse alguma mudança no Estatuto Social como forma de ampliar o mandato da Diretoria e do Conselho Fiscal.
Partindo dessa premissa, foi convocada a Assembléia Geral Extraordinária com a finalidade específica de promover uma reforma estatutária. Essa Assembléia Geral apoiou a proposta e por unanimidade a partir daquela data seriam três anos de mandato. O que perdura até a data atual e assim, no ano de 1985, fui reeleito para o segundo mandato e esse já de três anos, conforme o estatuto reformado.
Os dos mandatos de 1983 a 1985 e 1985 a 1988, eu identifico e cito como os mandatos dos anos oitenta e como a fase mais difícil administrativamente falando, onde tivemos que organizar de forma mais incisiva a nossa entidade em todos os aspectos, contudo, reconhecemos com as mais profícuas em termos de avanços. Uma Diretoria composta por pessoas jovens, dinâmicas e com muita vontade de ver garantidos e assegurados os Direitos da Pessoas com Deficiência.
No nosso primeiro mandato na ADEFERN, chegou a ser tragicômico. Éramos diretores, postados em um birô, quatro cadeiras e um armário, dentro de uma sala de quatro por quatro no Portão 2 do Antigo Estádio do Machadão, cedido pela Prefeitura Municipal do Natal. Alguns companheiros chamavam o local de "Buraco de Rato".


Mas, como quem tem um objetivo, foi ali que conseguimos dar a verdadeira dimensão do que representamos no contexto social, foi ali que elaboramos minutas de projetos que hoje são leis que beneficiam as pessoas com deficiência em nosso Município do Natal e em nosso Estado.
O Saudoso Portão 2 do Antigo Machadão foi testemunha de muitas noites insones, quando por circunstâncias decorrentes da deficiência e do trabalho, tivemos que dormir nas suas rampas mal construídas, mal elaboradas, sem contar que não tínhamos nem como nos alimentar.
São fatos históricos que a grande maioria das pessoas desconhecem e muitos não dão o menor valor e importância, mas que para mim e alguns companheiros que trilharam o mesmo caminho de dedicação à causa, jamais esqueceremos.
Era frequente partilha de uma sanduíche para cinco pessoas, as famosas "vaquinhas" para ajudar companheiros em dificuldades, muitas vezes o deixar de resolver um problema pela falta de vale transporte, pois se gastasse os vales do dia, não poderia vir no dia seguinte para a associação. Mas, era satisfatório. Trabalhávamos por amor, com amor, com dedicação e no final, comemorávamos cada vitória alcançada com muito orgulho.
Alguns nomes se notabilizaram nesse período, posso destacar como: Adriano Batista, um dos percursores do Paraesporto em nosso Estado (Falecido em 04 de Maio de 2012), Josiel Marinho, um dirigente dedicado e de muita raça; Eliete Martins,uma mulher de muita fibra e muita raça; Eduardo Henrique já falecido, que sendo na época o único dos diretores da ADEFERN que possuía automóvel, sempre disponibilizava seu veículo para que pudéssemos resolver problemas urgentes e necessários; Décio Gomes Santiago, na época, ainda um pouco inexperiente, mas um moço também cheio de muita garra e vontade e talvez, o único que de fato buscou o aprendizado da luta pela causa, tornando-se um figura exponencial e muita importância na luta pelo resgate pleno da cidadania das pessoas com deficiência em nosso Estado até os dias atuais.
Muitos outros nomes de muito respeito, muita responsabilidade apareceram e fizeram parte dessa história bonita de luta e de muita dedicação. Os nomes que cito, nesse momento, é tão somente pelo fato de que, com esses eu vivi no cotidiano na saudosa ADEFERN, de muitas histórias pitorescas.
Foi no mandato de 1985/1988 que começamos a organizar juridicamente a ADEFERN. Para trabalhar, dispúnhamos de quase nenhuma estrutura sob todos os aspectos, não existia os famosos microcomputadores. E para redigirmos documentos, dispúnhamos apenas de uma máquina de escrever daquelas mais antigas, com um tabulador de quase um metro, que no passado serviu para redigir jornais e que nos foi doada pelo Diário de Natal e que para nós, foi de grande valia.

Foi nessa máquina que algumas leis, algumas minutas de projetos de lei, alguns documentos importantes foram redigidos. Essa máquina de escrever, infelizmente, já não existe, o próprio tempo incumbiu-se de dar para a mesma outro destino, já que não temos museu.
Foi também nesse período (1986) que adquirimos o terreno que hoje está construído o maior patrimônio físico da ADEFERN, a sua sede administrativa.
Por acaso, descobri que a área onde se encontra situada a nossa sede, estava destinada a construção de equipamentos comunitários, assim sendo, convoquei uma Assembléia Geral da comunidade, em conjunto com a ADEFERN, para deliberação da doação do terreno, sendo a doação aprovada por unanimidade.
Após a doação, regularizamos o feito junto à Companhia de Habitação Popular - COHAB, presidida pelo Dr. João Newton da Escóssia, uma pessoa que se mostrou muito sensível à nossa causa, apesar de ter suas raízes fincadas no Município de Mossoró, ele se colocou ao nosso lado para qualquer situação,mesmo sem ter muito contato com nosso segmento e em especial, com nossa associação.
O Dr. João Newton tem o nosso sincero agradecimento e reconhecimento pela disponibilidade e sensibilidade para um feito e um fato tão importante como a doação do terreno para a construção da sede administrativa de nossa associação.
Em agosto de 1988, terminamos o nosso mandato e deixamos a incumbência com a nova diretoria eleita para buscar os devidos fatores, principalmente por um preponderante, a independência política partidária da nossa instituição, chegando ao despautério de perdermos o terreno, tendo em vista que o prazo dado para se iniciar a construção havia expirado e isso, deixou-nos bastante tristes.
Foi aí que resolvi que deveria voltar a presidir a ADEFERN, para entre outras coisas, buscar viabilizar o sonho de todos e assim sendo, retornei à Presidência no ano de 1991 para cumprir o meu terceiro mandato e com o objetivo principal que era iniciar as obras.
Nossa primeira ação como presidente foi buscar reaver o terreno que havíamos perdido, e com muito sacrifício, justificativas e o compromisso assumido de realmente iniciarmos a obra no mais breve tempo possível, senão poderíamos perder de fato e de maneira definitiva o "bem" doado pela comunidade do Conjunto de Santarém, mas sob a responsabilidade da Companhia de Habitação Popular do RN - COHAB/RN.
Nossa vontade era imensa, intensa. Mas, nos faltava o principal, o essencial: os recursos financeiros para viabilizarmos a construção da sede. Junto ao Governo do Estado, viabilizamos a planta da construção, de acordo como imaginávamos e necessitávamos para podermos realizar um trabalho digno, coerente e que pudesse dar orgulho para pessoas com deficiência do RN.
Elaboramos um bom projeto e buscamos recursos financeiros juntos aos Ministérios em Brasília, sem que obtivéssemos qualquer êxito, sempre havia um empecilho.
Talvez, eles não acreditassem no nosso projeto. Mas, nós sempre acreditamos e como de fato a obra hoje é real, a construção foi realizada sem um só centavo do poder público federal, estadual e municipal. Excetuando-se o calçamento da parte interna, o pátio da entidade, se assim podemos chamar, concebido com recursos do Imposto Predial e Território Urbano - IPTU da Prefeitura Municipal do Natal, na administração do Dr. Carlos Eduardo Alves (2005).




Atualmente, dentro da estrutura física da Associação dos Deficientes Físicos do Estado do RN - ADEFERN, funciona o Centro de Reabilitação, Profissionalização e Inclusão Social José Odon Abdon - CERPIS que como homenagem ao nosso trabalho, a nossa luta e dedicação à causa da pessoa com deficiência, leva meu nome, um fato que muito me orgulha e envaidece. O CERPIS foi implantado no mandato do Sr. Décio Gomes Santiago e é um marco dentro dos 31 anos de luta da ADEFERN.



Por José Odon Abdon
Presidente Atual da ADEFERN


1 comentários:

Unknown disse...

boa tarde, tenho mobilidade reduzida e gostaria de saber com faço pra fazer a carteirinha.